[:pt]Dando continuidade ao que denominamos como um “exercício de futurologia”[1] que temos feito nesse espaço de modo a desvendar e descortinar, de alguma forma, um pouco do cenário regulatório que as empresas familiares e as famílias empresárias terão de enfrentar no pós-pandemia da “COVID-19”, ou seja, o cenário de negócios e da vida que se convencionou tratar como “Novo Normal”, vamos examinar aqui os impactos que as políticas públicas advindas e/ou a serem desenvolvidas nesse período podem causar na dimensão “capital” (o que ousamos denominar como “Dimensão K” da continuidade da empresa) da empresa familiar e da família empresária.
Bom, temos dito que as bases da continuidade da empresa e, portanto, da empresa familiar e da família empresária repousam em uma “matriz” que ousamos denominar como “Matriz GOK”, que atua em três dimensões correlacionadas, interdependentes e que precisam ser analisadas isoladamente para serem devidamente compreendidas em toda a sua plenitude, extensão e forma, de modo a se vislumbrar como o “Novo Normal”, então, deveria ser gerido pelos líderes e gestores da empresa familiar para que se garanta a continuidade da família empresária e da empresa familiar diante desses novos desafios enfrentados pela sociedade como um todo e especialmente pelas empresas.
Essas três dimensões seriam: (i) Dimensão “G”, de “Governança” (tratada com maior profundidade no último artigo que escrevemos aqui nessa plataforma[2]); (ii) Dimensão “K”, de “Capital”, objeto de nossas digressões nesse artigo; e (iii) a Dimensão “O”, de “Operacional” que será objeto de ponderações futuras a serem desdobradas nesse mesmo espaço em momento oportuno.
Essa dimensão, a “Dimensão K” circunscrever-se-ia ao “balanço contábil” da empresa familiar e ao patrimônio da família empresária. É a dimensão diretamente impactada, positiva ou negativamente, pelas novas normas e relações de negócios no período pós-pandemia.
A ver, como exemplo de impactos positivos, em uma empresa familiar ou família empresária que lide, por exemplo, com negócios de desinfecção de ambientes, prestação de serviços de desinfecção de ambientes e/ou equipamentos de proteção (EPIs) de forte demanda por outras empresas e negócios nesse momento de atendimento a novas normas sanitárias para retomada de atividades no pós-pandemia.
Por outro lado, todas as outras empresas que passariam a ter de investir nesses equipamentos e serviços de higienização, aumentando seus custos operacionais no pós-pandemia, teriam então sofrido um impacto negativo na “Dimensão K” em seus negócios e/ou patrimônios, com base nessas novas regulações sanitárias do pós-pandemia.
Partindo-se desse simples exemplo de “onde” e “como” se desdobrariam os impactos na “Dimensão K” da empresa familiar e/ou da família empresária, podemos então inferir estratégias e modelos de gestão, maximização e/ou minimização de efeitos da pandemia e do “Novo Normal” nessa dimensão específica, a “Dimensão K”, da continuidade da empresa familiar e/ou da família empresária.
Exemplos não faltam de fatores que podem impactar e interferir nessa dimensão da continuidade dos negócios familiares, tais como potencial majoração de tributos para fazer face a um aumento de despesas dos entes federativos com base em “orçamentos de guerra” aprovados por esses entes públicos; novos riscos trabalhistas, ambientais, maximizados por políticas públicas consubstanciadas em novas normas e até em decisões de tribunais superiores que, por sua vez, atribuiriam as consequências jurídico-financeiras do risco de contágio de um trabalhador aos seus contratantes que estão demandando força de trabalho para manterem-se em funcionamento no “Novo Normal”.
Assim, compreender os impactos do chamado ”Novo Normal” nessa dimensão da continuidade das empresas familiares e/ou das famílias empresárias é de fundamental importância para que os gestores de negócios familiares e/ou líderes de famílias empresárias trabalhem modelos e/ou políticas de gestão/minimização de riscos e até mesmo maximização de ganhos decorrentes desse novo “ambiente de negócios”, contribuindo decisivamente, então, com a continuidade das empresas familiares e do patrimônio das famílias empresárias, mesmo em momentos e situações tão desafiadoras em relação às perspectivas da continuidade e assertividade da gestão dos negócios familiares.
Além disso, temos que inferir os impactos desse “Novo Normal” na própria condução e/ou operacionalização dos negócios nesse novo contexto para que, a partir da compreensão dessa outra dimensão de continuidade dos negócios da família empresária e/ou da empresa familiar logremos então trabalhar todas as dimensões, correlacionando-as e ajustando-as de modo a auxiliarmos os líderes e gestores da família empresária na implementação dos modelos de negócios e de gestão mais apropriados à continuidade e perenidade dos negócios e patrimônio da família empresária, mas isso é uma outra estória que contaremos mais adiante… até lá!
[1] Vide artigos publicados recentemente nessa mesma plataforma sobre o tema.
[2] Vide artigo: “O “Novo Normal” regulatório I: a nova governança”, publicado em 08/06/2020 nesta plataforma.[:]